Você já parou para pensar sobre a questão do estilo próprio? O quão importante é você desenvolver o seu estilo pessoal para trabalhar e ser reconhecido como designer?
O início da carreira do designer traz consigo alguns questionamentos que, se não solucionados, podem frustrar e criar áreas cinzentas no seu desenvolvimento profissional. Quando eu via designers e ilustradores com um estilo próprio bem característico, com uma linguagem visual desenvolvida, em que eu podia olhar e dizer: “wow, esse pôster foi ele(a) que fez!”. Eu admirava e logo pensava: “e o meu estilo próprio? cadê? Preciso desenvolver um!”.
Esta é uma abordagem errada, que gera ansiedade, comparações e pode levar à frustração.
Veja bem, eu não estou dizendo que o estilo próprio não é importante e não irá te trazer benefícios como designer. O que estou pedindo é que você reconsidere a maneira que encara este tema.
Paula Scher e o estilo próprio
O estilo próprio vem com o tempo, ele é resultado de sua experiência profissional e de como você integra as suas inspirações no seu processo de trabalho. Ele se tornará mais evidente quando você estiver passado por situações como estas:
- Atendido a diferentes clientes e adaptado soluções propostas às suas necessidades;
- Usado diferentes estratégias para vencer bloqueios criativos;
- Solucionado layouts com diferentes estratégias de composição e harmonização;
- Usado diferentes estilos de imagem e tipografia.
Observe o exemplo de Paula Scher, uma das designers mais influentes da nossa época e uma das sócias da Pentagram, gigante no design mundial. A designer ficou conhecida, principalmente, por projetos de identidade visual como os do Public Theater, Citibank, Windows 8, CNN e Tiffany & Co.
Sem dúvidas, a identidade e campanhas de comunicação desenvolvidas para o Public Theater (abaixo), em 1995, foram os projetos que trouxeram visibilidade exponencial ao seu trabalho e determinaram o “estilo Scher”.
Seu estilo mistura a cultura pop e o estilo vitoriano dos antigos tipos de madeira do séc. XIX, utilizando imagens diretas, inteligentes e acessíveis, além do uso intensivo e eclético de tipografia. Segundo ela, a Helvetica, era uma fonte opressora e chata, largamente difundida e uma de suas motivações foi lutar contra essa opressão.
Se você quiser saber mais sobre Paula Scher, recomendo o documentário Abstract: The Art of Design (2017) e o seu livro Make it Bigger (2005).
A busca pelo estilo próprio
Porém, para alcançar este estilo, ela passou por um processo de construção profissional e pessoal que envolveu sempre tentar entender para quem ela trabalhava e se esforçava para vender suas melhores ideias. Scher, sempre apreciou o estilo da tipografia vitoriana e utilizava esse estilo enquanto diretora de arte na Atlantic e depois na CBS Records.
Ela logo percebeu que capas predominantemente tipográficas eram mais fáceis de serem aprovadas por diretores, gerentes e músicos e, ainda por cima, eram mais baratas de serem produzidas. Isso fez com que a designer passasse a apostar ainda mais neste estilo em suas criações.
Capas de álbum de 1974.
Capas de álbum de 1977.
Se você observar estas capas de álbuns criadas 20 anos mais cedo que o seu trabalho mais característico, verá que estas são sementes do seu estilo próprio que, mais tarde, veio a amadurecer. Sua construção foi baseada tanto em suas convicções pessoais como em sua avidez à sua prática profissional.
Por isso, recomendo que você utilize a abordagem Paula Scher na busca de seu estilo pessoal, e, para isso, deixo as seguintes sugestões:
Pesquise, pesquise muito!
Parta de um estilo que seja confortável para você e construa a partir daí. Busque tipografias, esquemas de cor, uso de e imagens a texturas que sejam naturais e familiares.
Disponha-se a aprender e experimentar em cada projeto.
Aprenda mais sobre o cliente, sobre como apresentar de maneira mais clara e vender melhor suas ideias. Busque ferramentas para superar bloqueios e estimular a criatividade. Conheça mais sobre os formatos e plataformas que está projetando. Experimente com novas possibilidades de tipografia e imagem.
Busque inspirações visando qualidade, não quantidade.
Conheça mais a fundo os projetos e os briefings subjacentes. Conheça os designers, suas histórias e suas motivações. Dessa maneira você terá exemplos concretos de situações reais e não apenas belas formas descontextualizadas.
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