O YouTube tem o segundo maior share de vídeos assistidos no Brasil, quase colado na audiência da rede Globo, e não para de crescer! Hoje já são mais de 200 milhões de canais ativos no mundo inteiro.
Muitos meios de comunicação divulgam matérias sobre a fama e dinheiro dos maiores YouTubers, mas na hora de virar um criador de conteúdo pode surgir o sentimento de desorientação e frustração quando os resultados não vêm rápido. Será que isso depende só de sorte? Certamente não. Descubra agora onde pode estar errando para não depender de fama ou sorte e ter um canal realmente relevante e em crescimento.
1. Motivação errada
Muitos ingressam no YouTube iludidos com a ideia de fama ou dinheiro fácil, mas essa conta não fecha. O YouTube é gratuito para criadores e espectadores e pago para anunciantes; assim ele está sujeito à “lei da oferta e procura”. O dinheiro de “poucos” anunciantes está pulverizado entre milhares de canais, e sua performance dependerá de se manter relevante junto ao público e crescer aos poucos e com paciência.
Sua motivação deve ser entregar valor ao público.
Conteúdo que prende o público até o final (com boa retenção) é melhor visto pelo YouTube que o conteúdo click-bait (que gera apenas volume de views) e tem melhores chances com os anunciantes. Qualquer um pode ter sorte e ser exceção à regra, mas pode ser muito frustrante manter um canal ativo contando apenas com isso. Por isso sua motivação deve ser entregar valor ao público. Dinheiro virá com o tempo e fama ou influência são apenas possíveis “bonus”.
2. Falar de temas “batidos” ou “encher linguiça” sem acrescentar valor
Falar de temas atuais é importante, mas não o faça só porque viu todos os canais maiores falando. Você pode acabar repetindo mais do mesmo ou até fugindo totalmente ao tema central do seu canal para cobrir o asunto da moda, fazendo com que sua audiência se sinta traída. A solução é: fale quando o assunto se relacionar com a proposta do seu canal, ou utilize o assunto como ponte para trabalhar o seu tema. Exemplo: um canal de negócios que aproveita o hype dos filmes dos Vingadores para fazer um vídeo de “Lições de Gestão que Aprendemos com a Marvel”.
3. Não ter um tema e público-alvo
Escolher um tema é fundamental. Ele deve ser amplo o suficiente para que você não esgote os assuntos possíveis em pouco tempo de canal, mas também específico o suficiente para que alguém se identifique com eles. Seu ponto de partida nessa escolha deve ser: aquilo que gosta ou domina. Você terá mais disposição para produzir sem se sentir “obrigado”, terá mais ideias de assuntos a abordar e a sua sinceridade sempre irá passar de alguma forma para os vídeos! Depois de saber do que quer falar, pense em “para quem” quer falar. Que pessoas se interessariam por isso? Qual a idade delas?
Você pode observar canais já consolidados com um tema parecido, pesquisar em grupos nas redes sociais, puxar enquetes, entrevistar pessoas e chegar a uma conclusão sobre quem são. Isso é o público-alvo: um grupo com características em comum. Adiante, pode sair da ideia de grupo e colocar tudo isso na forma de um “avatar” ou “persona”: uma representação com nome, rosto e algumas características do seu expectador ideal. Suponhamos que você acabou de reunir essas informações e criar a “Tati”; será muito mais fácil ter ideias de roteiro pensando no que Tati iria gostar, do que sem qualquer referência ou pensando num grupo amplo de pessoas.
4. Entregar vídeos sem qualquer frequência e regularidade
O foco do YouTube é entregar o vídeo mais relevante possível para o objetivo de quem procura.
O YouTube possui algoritmos para regular a entrega dos vídeos para os expectadores. Recomendações, ordem em que aparecem quando uma palavra-chave é buscada, guia “em alta”. Os algoritmos do YouTube são segredos técnicos da empresa – não é possível saber integralmente como funcionam, mas sabemos que o foco do YouTube é entregar o vídeo mais relevante possível para o objetivo de quem procura.
A métrica mais importante do YouTube para entender se seu vídeo é relevante é o “Watchtime” ou “Retenção” – que tem vários componentes, como o tempo de permanência assistindo aquele vídeo, de onde a pessoa veio para chegar até ele, e também a consistência: se o algoritmo entende que você tem dias certos para publicar e envia com constância (por exemplo: toda quinta-feira), há mais chances de ele ser entendido como relevante pra alguém. Quanto mais entregas, melhor. Mas lembre-se de que a melhor frequência é aquela que você pode manter!
5. Total falta de CTAs (Call to Action)
CTAS ou Calls to Action são “chamadas para ação”. Convites para inscrever-se, clicar em cards contendo outros vídeos ou playlists, comentar e etc. CTAs convidativos, sem apelação e bem executados geram mais interação e fazem com que a pessoa passe mais tempo vendo outros conteúdos no seu canal. Além de aumentar sua relevância, você passa uma impressão mais profissional quando “amarra” bem seus vídeos uns com os outros e cria incentivos à interação.
6. Excesso de CTAs
Um erro muito comum é, ao perceber que deve utilizar CTAs, o YouTuber colocar muitos deles de uma vez: no começo, meio e fim e até um sobre o outro: “veja outros vídeos, se inscreva, compartilhe, deixe o like, ative o sininho e tchau!”. Feitos dessa forma os CTAs acabam ficando vazios, sem contar que podem tornar o vídeo cansativo, já que as pessoas clicam para ver conteúdo e não os pedidos. É melhor entregar poucos CTAs e bem justificados, incentivando a interação. Se possível prometa algum benefício, mesmo que seja “irei ler e responder todos os comentários” ou “se o vídeo for bem de likes, posso fazer outros nessa linha”.
7. Mau aproveitamento dos primeiros segundos do vídeo
O início do vídeo é quando muitas pessoas decidem se vieram pra ficar ou vão pular pra outro. Procure gerar curiosidade, prometer algum valor ou benefício pro expectador nos primeiros segundos. Vinhetas de abertura prolongadas ou muita divagação e fuga ao tema podem atrapalhar. Uma técnica comum em vlogs é falar a que veio logo no início e colocar a vinheta de abertura só depois dos primeiros 15 segundos.
8. Não fazer roteiros
Muitos se assustam ao procurar a palavra “roteiro” no Google e se deparar com complexos modelos do cinema com colunas e orientações técnicas. Você não precisa começar por aí. Um simples roteiro de texto direto ou tópicos principais oferece muitas vantagens ao criador de conteúdo, como:
- Otimizar o tempo de gravação.
- Evitar esquecimentos e fuga ao tema (vale lembrar que objetividade melhora a retenção do canal).
- Estimar a duração do vídeo antes de gravá-lo, o que pode ser feito usando ferramentas como a Calculadora de Tempo de Leitura.
- Reduzir a necessidade de cortes, facilitando o processo de edição.
Comece hoje a fazer roteiros como você souber, e verá como são úteis na hora de gravar!
9. Falta de preocupação com a qualidade audiovisual
Um vídeo escuro, com ruídos, som distante e meio fora do formato do YouTube (contendo faixas pretas), num cenário bagunçado e com vários elementos de distração acaba destruindo a autoridade do conteúdo, por melhor que ele seja. Poucos irão realmente focar na mensagem se a aparência não ajudar, afinal estamos falando de produção audiovisual. Mas calma, você não precisa ser um cineasta.
Se tiver uma câmera boa, use-a! Se não, limpe as impressões digitais da lente do seu celular e posicione-o de forma estável. Escolha um ambiente organizado e bem iluminado. Se não tiver equipamentos como refletores e difusores, improvise! Use um abajur ou grave de frente pra uma janela! Seja sensato sobre o enquadramento (você pode pesquisar sobre a regra dos dois terços), na dúvida fique no centro e não mostre muito chão ou teto.
Quanto ao áudio considere investir em um microfone direcional ou de lapela. Se não tiver como, desligue equipamentos que façam ruído, procure um horário silencioso e faça testes com o “foninho” do celular ou até mesmo um segundo celular para gravar o áudio separadamente mais perto da sua boca.
10. Comportamento inadequado na frente da câmera
É comum abrirmos vídeos no YouTube que mesmo tendo uma boa mensagem, tenham uma narração monótona e robótica, cheia de “expressões muleta” como “éee…” “hunmmm” “tipo…”. E pra piorar, um olhar totalmente perdido! Isso distrai muito, não é mesmo?
Nervosismo ou falta de empolgação e naturalidade podem comprometer sua mensagem. Lembre-se de que você pode errar e re-gravar seu conteúdo! E no YouTube provavelmente você é seu próprio diretor. Respire fundo e comece o vídeo novamente olhando para a lente e fale com energia, como você falaria com um grande amigo.
11. Fazer Spam, “Clickbait” e troca de inscritos.
Não trapacear não é só uma questão moral, mas também preserva seu canal. Essas técnicas que já funcionaram no passado, pouco adiantam hoje em dia, uma audiência fantasma em uma rede que privilegia a retenção (tempo de consumo e interação) não ajuda e até atrapalha.
Quanto ao spam (mensagens publicitárias indesejadas produzidas em massa), talvez você nem saiba que já fez. Sabe aquele comentário falando “adorei seu vídeo, se inscreva no meu canal acho que você vai gostar!”? Bom, fazendo isso você passa a mensagem oposta à desejada: de que você nem viu o vídeo, e não é pra gostarem de você. Ao comentar em outros canais, não use o ctrl+c e ctrl+v. comente com sinceridade e talvez você atraia uma visitinha.
Já o Clickbait ou “isca pra cliques” são aqueles comentários, títulos ou capas de vídeos com chamadas sensacionalistas só para chamar views e que não entregam, de fato, o prometido. Além de tornar o YouTube apelativo, atrapalhando o ecossistema de criadores, anunciantes e espectadores, lembre-se: clique não é igual a retenção.
12. Não se preocupar com as Thumbnails (ou capas personalizadas dos vídeos)
Qualquer canal verificado pelo YouTube pode atribuir capas personalizadas. Para saber se o seu canal é verificado, você pode entrar aqui.
Aqui o problema é que muitos deixam para fazer suas capas personalizadas por último e com pressa, ou apenas escrevem um texto colorido sobre uma imagem baixada da internet. No entanto, as capas são as principais responsáveis por trazer tráfego para o seu vídeo! Como aparecem em tamanho pequeno na maioria dos casos, é preciso pensá-las com pouco ou nenhum texto, fontes grandes e bem legíveis e poucos elementos.
Objetividade é a palavra-chave. Escolha elementos visuais que realmente sirvam como destaque e agucem a curiosidade das pessoas. Pense que sua capa aparece quase sempre junto de muitas outras em listas de busca ou recomendações. Pense: eu clicaria nisso? Então capriche e destaque o que realmente importa!
13. Plagiar outros canais ou usar conteúdo protegido
Se você subir conteúdo de TV ou de outros canais de YouTube estará infringindo as diretrizes da comunidade, não importa se você creditou o autor original. Você pode sofrer penalizações e prejudicar o alcance do seu canal. Existe o chamado “Fair use” ou “uso aceitável” – que basicamente diz respeito ao uso de porções pequenas de conteúdo protegido, com o objetivo de acrescentar valor (transformando ou comentando): aqui vale o bom senso! Fair Use não é garantia de proteção, apenas um “acordo social”. Embora funcione na maioria dos casos, tenha em mente que ninguém é realmente obrigado a te ceder uma imagem ou música porque você “usou pouco”.
A melhor forma de manter seu canal protegido é fazendo conteúdo 100% com recursos próprios ou livres de direitos autorais (que podem ser encontrados em bancos gratuitos de imagens, músicas e etc). Um dos bancos mais populares de conteúdo livre é a Biblioteca de Áudio do YouTube, utilizada por inúmeros criadores.
14. Realizar envios em formatos inadequados
Quem nunca viu um vídeo no YouTube com baixa qualidade de imagem ou ainda barras pretas nas laterais? Isso passa a impressão de desleixo. É algo que ocorre porque o YouTube trabalha com a proporção 16:9, também conhecida como wide, que preenche bem a maioria dos monitores, celulares ou tablets quando em posição horizontal. Veja uma cola das resoluções wide mais comuns:
É importante enviar seu vídeo na maior qualidade e resolução possíveis, e deixar que o YouTube faça a compressão de acordo com a banda de quem assiste.
15. Contar apenas com os views para ganhar dinheiro
Muitos acreditam que os ganhos no YouTube estão ligados ao número de views gerados. Mas monetizar seu canal no YouTube tem alguns requisitos mínimos que podem ser demorados de se atingir, e mesmo depois de atingidos nem todos os views são monetizados por conta de adblocks e diversos outros fatores que dificultem o surgimento de anúncios.
Ainda há o desconto da parte do YouTube na sua receita e as flutuações do mercado de anúncios no dia a dia. Para canais pequenos e iniciantes a monetização do YouTube (Adsense) pode nem superar a marca de 1 dólar a cada vídeo enviado. Por isso é interessante contar com formas alternativas de rentabilizar sua produção de conteúdo:
- Anunciantes diretos: você pode buscar marcas para citar diretamente nos vídeos do canal.
- Programas de Afiliados: grandes varejistas comumente têm programas de afiliação onde você divulga links de produtos e ganha comissão quando são vendidos.
- Mercadorias do canal: ter uma lojinha é um bom jeito de empreender ao redor da popularidade de um canal.
- Consultorias e aulas: se o seu canal é educativo ou de negócios, e as pessoas te trazem muitas dúvidas e dilemas próprios, por que não promover suas próprias consultorias?
- Financiamento coletivo: você pode criar uma conta numa comunidade de micro-pagamentos, assinaturas, ou iniciar uma “vaquinha” com aqueles que acreditam no seu projeto.
Gostou das dicas? Se você pretende se profissionalizar ou ganhar relevância e autoridade através da principal rede de consumo de vídeos online do mundo, confira o Curso de produção audiovisual pra YouTube da Platzi, e bom trabalho!